sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Anotações recortadas/ Observações Contidas

quadro: Vladimir Kush

(no sofá)
(com um cigarro/brau)
(dou um trago manso)
(respiro ira desafiadora)
(esboço sensualidade)
(com firmeza ando em rodas)
(paro e giro em torno de mim)
[caio]
(falo ainda meio sonolenta/ dopada)
(de cócoras apontando o outro)
(levanto-me com soberba)
(irônica/ esculachada/ tom de deboche)
(sobrancelhas levantadas)
(retorço a cabeça, encarando o público até a amargura)
[sorriso de canto]
(falo como se cuspisse com nojo)
(com orgulho de estar só dos humanos)
(volto a andar)
[olhar insano]
(olho pra baixo)
(olho pra frente)
(quase animada aponto pra cima)
[ataque de nervos]
[risos nervosos]

(Falo bem baixinho)
(novamente no sofá)
tê-nu-E-qui-lí-bri-o
(como se flutuasse)
(pulo no cenário)
(na mesa...
[caio]
(no chão rolo)
(em tom de descoberta)
(ascendo outro cigarro)
(solto a fumaça)
(como se conseguisse a segurança da verdade)
(com austera simplicidade)
(quase intransigente)
(sonho e perturbação)
(sonho é perturbação)
(respondo a isso rapidamente com uma sinceridade cruel)
(ando e balanço a cabeça fazendo sinal de positivo)
(paro para blasfemar de boca cheia)
(com conformismo)
(como se novamente caísse na mesmice da sanidade)
(?)
(retruco uma crítica que ainda nem foi feita)
(sínica/ gritando/ sorrindo)


a luanafidêncio ... depois de vermelho marte!

ao Jambolão


Apropriação do manifesto...



Bules, bílis e bolas


Nós convidamos todos a se entregarem à dissolução e ao desregramento.A Vida não pode sucumbir no torniquete da Consciência. A Vida explode sempre no mais além. Abaixo as Facultades e que triunfem os maconheiros. É preciso não ter medo de deixar irromper a nossa Alma Fecal. Metodistas, psicólogos, advogados, engenheiros, estudantes, patrões, operários, químicos, cientistas, contra vós deve estar o espírito da juventude. Abaixo a Segurança Publica, quem precisa disso? Somos deliciosamente desorganizados e usualmente nos associamos com a Libertade.

Roberto Piva

em Promoção


Revolução

pra onde foram seus heróis?

Eu desconfio

de sua felicidade enlatada

de sua facilidade em ser

Eu desconfio de suas idéias

vendidas nos supermercados

a prazos de validade

e fede...

Um fedor suportável de conservante

que prolonga o gozo!


Assim evoluímos,

inventaram o remédio:

evita-se a dor.

tapa-se a ferida.

adia-se a cura.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Cansei de palhaçada ________ Chapa Atuação DCE UFU 2009

Foto: luanna magrela
A coordenadoria de cultura da chapa Atuação tem como objetivo principal divulgar as produções artísticas de caráter independente. Essa divulgação será concretizada através da proposta de efetivamente integrar a comunidade universitária, sempre tendo em vista as especificidades e diversidade dessa comunidade, sendo que, essa proposta não se restringe a um grupo fechado e restrito.
Mas outrossim, pretende abarcar, enquanto espaço a ser construído pela comunidade universitária, as necessidades intrínsecas de cada grupo. Pois, se os interesses dos grupos são muito diversos são _ por isso mesmo _ aqui entendidos como de valor inquestionável e de igual importância para a formação acadêmica e social dos diversos grupos de nossa comunidade universitária.Com isso, objetivamos mostrar à todos os alunos que é possível o fazer arte de forma independente e articulada, agregando valores e iniciativas diversas, mesmo sem o apoio da grande mídia.
Atualmente aqui no contexto local contamos com uma grande rede midiática formada por jornalistas, artistas ou simplesmente amantes da arte, o que nos possibilitará uma maior comunicação com grupos artísticos de outras Universidades, facilitando a divulgação do nosso trabalho e a troca de experiência. Esta troca já vem sido realizada por alguns alunos, mas de maneira modesta e sem nenhum apoio. Faltam espaço dentro da UFU, divulgação, e união dos próprios artistas.
Acreditamos que os eventos, hoje reduzidos a mero entretenimento, devam ser parte fundamental para a efetivação desse processo de fomento, criação de público e reconhecimento da arte local.
Aline Romani

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Jogo dos sete erros



...Salvador Dali para crianças !!!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Arrigo em UDIA !!!


21 de novembro
  • 15h às 17h
– Oficina Cultural
– Mesa-redonda com Arrigo Barnabé, Passoca, Jayme Reis e Fernando Fogliano, com mediação de Cláudia Franço
  • 20h
– Praça Clarimundo Carneiro
– Show com Arrigo Barnabé e Vânia Bastos

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ciranda


Ai que age calado

que sai quando tudo é

silêncio.

E aí? O que as lembranças despertam?

Ai que a memória um dia volta, aí somente

a culpa enobrece

um passado torpe...

Ai, aquela história de quadrilha!

Nem Carlos Drumond imaginaria:

mais confusa, menos dolorida, menos

inevitável que se parece.

Ai se pudesse se fartaria

Se lambuzaria de carne moída

em pleno banquete

a trancaria em gaiolas de ouro

só pra estupra-la todos os dias.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

http://www.paginasvazias.com.br/


Vá até o site do Páginas Vazias, entre em Garagem PV e confira os videos !!! Juanna Barbêra conta com vocês... reparem a cara dos integrantes! Ainda são os mesmos...?


http://www.paginasvazias.com.br/

terça-feira, 11 de novembro de 2008

resp. virtual


Vc já sabe q sou meio loka?!
q me atiro as escadas
q me escondo em fars@s
q me embriago as segundas
q me livro das minhas próprias vontades...
sabe q não posso ser tão certa tão sincera
q talvez não goste de gentilezas
talvez eu erre e talvez eu mude!!!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Excreção




Chorar maquiagem
Limpar nas cortinas de seda
Menstruar no banco de couro

Chorar um dia de verdade
Nas sedas aliviar a vida
Menstruar fél e feto

Chorar vantagens
Menstruar,
limpar
ou na seda
ou na cortina
ou no próprio couro

Vomitar verdades
Já tanto faz...

Maldita são as pessoas... todas elas e eu.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

domingo, 19 de outubro de 2008

Times New Roman


eu
adoro
as palavras
tão bonitas
em seus contornos e reentrâncias
poderia lê-las e tocá-las por horas a fio

e quando, literalmente as cantasse
e alguma fosse, com minha cara, com a minha cara
poderíamos ter um caso
transar a noite toda
&
formarmos,
eu e uma linda palavra,
famílias de proparoxítonas

e passaríamos tardes inteiras passeando em cadernos de caligrafia
imaginando como deveria ser chato morar num livro ou num dicionário
e nunca se aproximar
da língua de ninguém


Eu
brincando com palavras
encontrei um sujeito
Ele
e minha vida transbordou
em verbos...
Aos poucos
apalpo substantivos

por aqui...
Nenhum pronome insubstituível
Eu
Você
Alguém
e o tempo?(...)
não é novo com as palavras


nós adoramos as palavras
como estas ... cantadas, impressas
na página
que

você eu nós

lê leio lemos



Letra da música Times New Roman, de autoria de robssom sete e aline romani.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Mark Ryden



Mark Ryden (Oregon, Estados Unidos, 20 de janeiro de 1963) é um pintor estado-unidense de belas-artes.

Divorciado e pai de dois filhos, Ryden estudou Ilustração e se formou em Pasadena, Califórnia, em 1987. Ele atualmente vive e trabalha na cidade de Eagle Rock, dividindo o estúdio com sua companheira, a artista Marion Peck.

O trabalho de Ryden é bastante detalhado. Envolve principalmente caricaturas, e uma espantosa combinação de garotinhas, carne, numerologia, simbologia Católica e Budista. Varia de grandes quadros a óleo a pequenos trabalhos em preto-e-branco no papel.
Ryden é influenciado pela arte fantástica de Alice no país das maravilhas e trabalhos Renascentistas.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Sou quem rouba as sensações de mim mesma, e as perco para o papel.
o fato é: se eu não escrever, não esqueço!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Mais uma gestação________nasce um grilo


O zine foi batizado, Grilo. Agora com nome, vão sair mais cópias do primeiro, e enquanto isso, o segundo espera no forno.


O Grilo número 1 saiu sem nome, com o simples objetivo de divulgar os novos poetas do Jambolão, mas devido ao entusiasmo que ele me acometeu, não resisti em continuar. Esta responsabilidade não é de forma alguma individual, o zine é resultado de muitos poetas desconhecidos que resolveram mostrar seu talento. Mas por que Grilo? Por que ele incomoda seu sono, porque ele demonstra insatisfação, ou simplesmente porque pode ser fonte de prazer. E se no número 1 eu instigo a produção, principalmente daqueles que foram um dia, considerados loucos, nesta edição eu simplesmente deixo cada pedaço de papel, a mercê dos poemas que foram concebidos neste mundo louco, nesta vida dos diabos.
*Isso é só um pouquinho do que está por vir da nova edição do zine diretamente do JAmbol@O para o mundo... abraços e corra até o Jambolas para pegar o seu!

sábado, 4 de outubro de 2008

História e cobertura do Jambolada... Independência ou MArte!!! Programa de rádio dos meninos de São Carlos...
http://rapidshare.com/files/147862590/Independencia_ou_Marte_63_56kbps.mp3.html


Independência ou Marte!!! São Carlos - SP

Lembrar!

Não deixe de visitar os outros blogs... O link tá no fim da página, debaixo do seu nariz!!!!!!!!!!!
Minha visão inevitavelmente é tendenciosa.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Por falar em fotos...

Após alguns minutos da postagem anterior, fiquei pensando sobre o impacto que causou essa nova cena cultural em Uberlândia, temos o maior festival de minas, Jambolada, uma casa de show como o GOMA, concorrendo ao Premio Dinamite... e não é só isso, muita gente foi dando as caras, com críticas afiadas ou apoio incondicional, mas, o mais importante, simplesmente amor e dedicação a arte, foram aparecendo pessoas com poesias, zines, bandas, quadros, curtas... Ajudados pela lei de incentivo, ou não, a cena vai se formando em UBERLÂNDIA, e o que era um embrião já toma corpo e desponta talentos e iniciativas.
Chega de lero lero, vou postar aqui umas fotos, sem nenhuma edição, que eu furtei diretamente da máquina da fotógrafa do Fanzine Páginas Vazias, que acaba de entrar no ar, agora com sua versão virtual (www.paginasvazias.com.br).

Luana Magrela fotografa Juanna Barbêra no Jambolada:













quarta-feira, 1 de outubro de 2008



Estou mesmo muito afastada desse blog, acho que devo explicações as poucas, mais fiéis pessoas que sempre vêm bisbilhotar por aqui. Realmente não dá pra fazer tudo ao mesmo tempo, sem net em casa então, nem se fala... Bom, a Juanna (Barbêra) está em fase final dos processos de gravação do CD, algumas burocracias são muito chatas, tomam tempo. Ah, ainda tenho que assistir aulas na facuuuuu.... Mas muita coisa legal também tá acontecendo, O Juanna apresentou recentemente no Festival Vaca Amarela, em Goiânia, e dia 13 de setembro no Festival Jambolada. Abrindo aqui um parênteses para parabenizar a organização do festival, recebendo da crítica somente elogios, considerado hoje o maior festival de música independente de Minas, e um dos maiores do país.

Juanna Barbêra_________Jambolada 2008 (foto: Marco Nagoa)

Bom, voltando a Literatura... aqui em Uberlândia, depois do "arte pela arte", concerteza ela nunca será a mesma mesmice de antes, altos blogs foram criados, alguns zines foram criados, um estímulo pra quem já escrevia para suas baratas em suas gavetas. Pretendo dedicar um tempo para mapear esses blogs, isto significa, observar mais que produzir, por enquanto! E além do CD da Juanna, o ano que vem promete uma movimentação muito mais organizada e concreta do "arte pela arte" dentro e fora da Universidade (UFU). Não podemos também esquecer da Produtora I?M, que disponibiliza seu primeiro DVD duplo, com 6 curtas, que pode ser assistido na Biblioteca da UFU. Promete muito também para o ano que vem...


Mão na massa galera, lembrando que ajuda e idéias nunca são demais.
Espero que venham eventos e momentos a serem fotografados!

Idas e vindas pra Goiânia...




Gravinhas...estúdio Gustavo Vaz




Bastidores ____ Vaca Amarela 2008



segunda-feira, 29 de setembro de 2008

terça-feira, 29 de julho de 2008

Enfim, qual é a graça.


Não costumo achar muita graça das coisas que me acontecem apesar de na maioria das vezes causarmos (eu e minha ironia) alegria a muita gente. Ainda não sei se é meu jeito despreocupado de contar a vida, ou minha falta de emoção diante dela, mas o que posso dizer é que me diverti muito ontem.
De volta a minha cidade natal, a qual visito muito pouco, relembro sempre com carinho as pessoas e lugares que passei, mas não me reporto mais a essas lembranças com nostálgica saudade.
Quando sorria não via graça na vida, às vezes tão mudada, as vezes tão sem escolhas, tão pequena, pobre de pensamento, de tempo pra viver longe do pensar da conta, da cota, da Norma. Antes de ontem e depois de amanhã continuo achando absurda a forma de se ver a vida por aqui, essa vidinha decepada, mas ontem não.
Não falava sobre assuntos considerados importantes, nem mesmo sobre o livro que estou lendo, hábito um pouco solitário demais por aqui. Não me lembro também de ter falado de amor, de paixões mal resolvidas, daquelas da minha infância, daquelas cartinhas que não respondi, sequer falei daquele noivo que abandonei ... Não falei das minhas poucas viagens, das várias drogas que usei, sequer repeti incessantemente que a democracia não funciona, não insisti que a cana é uma cultura que destrói tudo por aqui... Agora roubamos meia dúzia delas no canavial e chupamos com muito gosto.Não me intrometi no gosto musical do outro, na atitude ora mesquinha, ora utópica demais, como se carregasse em mim o manual do melhor do ser. Não discuti questões filosóficas, daquelas de boteco, que aí sim se vê muito por aqui... Ontem não! Apenas ontem escutei, fomos de novo aqueles que sonhavam somente continuar a ser, ontem fui inocente, feliz e ignorante, fui criança, fui sincera como há muito tempo não era, fui quem não questiona a si mesma e não duvida em nenhum momento, de se quer um ato ou um gesto, fui quem não duvida do que se quer. Fui quem não pestanejou, quem não recuou, quem não pensou, quem não jogou. Fui o que não dá mais para ser todos os dias, não hoje!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

a porca-ria!


que merda de poeta me tornei, estou em um quarto sujo, ainda não sei onde. vejo algumas luzes da janela, pago adiantado para o senhor desconfiado. sentada sobre os lençóis, distorço assuntos quase esquecidos, pego aquele pobre despercebido, exibo com orgulho minha solidão, invento problemas, ressuscito fatos esquecidos e os entorpeço. mas quase nunca dizem quase coisa alguma. vomito minha alma nojenta, eufemismos me salvam...
talvez a vodka, talvez o sonho venha, aumentando minha vontade de viver lá fora nessas noites geladas de papel branco. mas é só a vodka, por enquanto só. escuto estrondos no quarto ao lado, a essas horas! nesse fim de lugar! já no começo da noite!
quase prendo a respiração para escutar. a senhorita gritava, e até certo momento acreditei ser de prazer, mas a alguns minutos que já não escuto seus berros, sua boca abafada e sua respiração ofegante que passava pelo vão das paredes e do teto sem forro. a estrada não é muito aconselhável, ao menos para aqueles que vivem com prudência. enfiei-me nas cobertas, e coloquei meus fones de ouvido, minha fita já velha, não berra, sussurra “women is loser “, janis joplin me traria uma boa estória.
o corpo não foi encontrado mas os orgasmos foram múltiplos.




quinta-feira, 10 de julho de 2008

da Cor do trigo maduro


Enfim não eras meu álibi
de longe apenas uma figura flavi
Posso ser uma alimaria flébil e febril,
um pouco mais que sempre...
Sou esse bicho alinegro
que deseja alijar-se
ou alimentar-se
deste ser flavo
Flerto,
sem me fletir,
me curvar
gosto,
às vezes de você,
às vezes de um homem alindado, inventado...
Com quase um instinto de lembranças alistridentes
Ainda eu, bicho, espero só o momento para aliciar-te
*
falvi/flavo: dourado, louro; da cor do trigo maduro
flébil: lacrimoso, plangente
alinegro: de asas negras
alijar: aliviar a carga
fletir: dobrar
alistridente: que faz barulho com as asas

Dionisíaco

ÓCIO

Acordo! Antes do cigarro, uma manchete no jornal da T.V., o sol na fresta na sala calada, o ronco do quarto ao lado, os mínimos detalhes confusos do despertar. Procuro, mas perdi o controle a algum tempo, ah... antes um cigarro!É bom não acordar de ressaca, mas aí agente começa a prestar muita atenção na TV; Garota morta pelos pais, garotos pelos pais, polícia sobe o morro. O sangue não só escorre pelas bandas de lá. A corrupção está por todos os lados que ainda consigo ver mas nenhuma novidade, nada que realmente interesse. O suor da testa de cada dia não rastreia meus passos, pegadas não deixo forjo e faço coisas que já me agradam em partes. Escondo atrás das atrocidades que não tive tempo de cometer, grito calada.Cometo crimes, poucos consideráveis, detestáveis apenas pela falta de sentido que satisfazem pouco de mim, como um acorde. Olhares despercebidos a míngua. Agrado poucos, loucos que consomem minha lucidez, divido pensamentos desconexos, associo palavras e pessoas. Alucino ao fim da tarde, perto de não sei quem, ainda. Um acordo para meu sono.

ELE

Ainda dopada de veneno
que me dosa o humor
Veneno seu ou de qualquer outro
que não me mata,
me desce a garganta
como cachaça barata
e o gosto que gosto,
desta rejeição passiva,
desta solidão passiva,
de todos os gritos ouvidos,
dos prazeres sutis percebidos.

Talvez isso sirva
minha acomodação...

Seria cruel agora
Fazer entender um porque
desta morte
desta contradição
deste ópio
que me faz sentir entre arames farpados.

Superficial

(Magritte)
Na calçada,
paro por um pedaço de papel
escrito em poucas palavras,
em versos versados do avesso
de qualquer romance
(cem gramáticas que nos prendem!)
No canto,
o vento vela o sono de um velho mendigo
o vistoso homem vê a cena à vontade
e em vão,
passa seus olhos pela viela
No canto quase falado, na carta de amor
já esquecida na sarjeta,
algum desencontro
(quase safado)
marcam amores e amantes que não se tocaram
sacramento consumado somente pelo consolo da alma.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Hoje não é dia...


Nestes dias de casa suja, todos os músculos de meu corpo doendo, a minha única companhia toca a ponta de meus dedos, como se falasse comigo enquanto traduzo seus códigos. Escuto Billie Holiday como se estivesse embriagada, a música chega ao fim e sinto que agora teria de sorrir... mas não posso!
Caro leitor, não exija de mim sentimentos que não me convencem. Nessa vida corrida em que o tempo é medido pelo pulso todos os dias, estar aqui sentada me faz parar de respirar por um minuto e esquecer o gás carbônico,o chefe, o trampo, o tiner, o time, o tempo... mas não me faz sorrir!
Estar aqui agora me faz correr mais depois e se quisesse sorrir ligaria a T.V., se quisesse mesmo esse tempo só pra mim me masturbaria, e se enfim não tivesse dúvidas... ah isso sim me faria sorrir!

Ode ao Professor


Tenho a mania de me azarar, o azar de realizar minha vontade de ter tudo, sentindo um bem-estar mesmo após um feito inoportuno. Sim, me apego, um tanto de tanto.

Bastou me uma palavra e duas bochechas rosadas, havia três ou mais pessoas à volta, os olhos roçavam, buscavam...

Amaldiçoam a minha alegria por ser mundana. Maldita vontade fora de gaiolas! Mas é isso que dá sentido ao sentimento, do inocente ao mais profano. O não deixar ali, o pensamento só.

Depois da ressaca, regressa o desejo. Sóbria, ressuscito um segredo já findo! (Tal dita boca má)

Uma proposta: _ Silêncio pela sua alma.

Uma troca: _A alma pelo seu corpo?

Um dia digo isso a ele!



(Prosa poética, resposta ao poema de meu amigo Leon d' Aguiar, que o escreveu após escutar vários minutos de confissões de minhas peripécias inesperadas)

Suo som e deixo soar


Entre caminhos recentes
e rastros sonoros,
me embriago de brisa,
sedento...
Entre o desejo e o inferno,
entre o verso e o terno,
me enterro a sete palmos de ilusões.
Entre! Você e o seu cio
e o vazio de sua alma louca,
fique entre eu e a ávida vida que levo,
entre o trabalho e o palco
(a solidão que carrego),
entre a cortina e o teto.

Insônia II

Nudez!
Não me comove
Será que devo procurar uma cartomante?
Ir a manicura talvez me faça sentir um pouco mais mulher...
A paixão não me move
Talvez deva ir mais ao cinema,
ou a orgias
Ler livros?
Já não me faz bem...
Preciso acabar com essa falta de emoção que me causa insônia
Ou será que devo tomar um calmante?

Insônia I


Mais uma noite...sei que ainda não vou dormir! Gosto da noite, a essas horas tudo fica mais claro pra mim. Acho que é a angústia, não a solidão, angustia somente. Gosto do silêncio também, pois é de madrugada que escuto o barulho do botão da T.V., quando desligo, das teclas do computador, e do meu ventilador velho.Volto pro quarto, cada vez mais suja e cheirando a cigarro. A maldita comédia que me fez pegar a caneta e voltar a escrever. O problema é que eu odeio esse meu jeito de botar a culpa em tudo, no filme, na insônia e nos outros. Fumei mais um cigarro, que não me fez bem, contei as bitucas no cinzeiro e tive vontade de quebrar tudo, e só não o fiz porque isso seria o mais óbvio e sensato que poderia fazer, em vez disso fui cagar.

Tenho um espelho na sala, que mudo de lugar todos os dias, não sei ainda se ele me incomoda, e apesar de não me interessar por isso, vi nele hoje alguém que não era eu. Por mim o dia já clareava, mas ele sempre começa e termina quando quer. Enfim, depois do drama, fico satisfeita. Ainda não durmo.