quinta-feira, 10 de julho de 2008

Dionisíaco

ÓCIO

Acordo! Antes do cigarro, uma manchete no jornal da T.V., o sol na fresta na sala calada, o ronco do quarto ao lado, os mínimos detalhes confusos do despertar. Procuro, mas perdi o controle a algum tempo, ah... antes um cigarro!É bom não acordar de ressaca, mas aí agente começa a prestar muita atenção na TV; Garota morta pelos pais, garotos pelos pais, polícia sobe o morro. O sangue não só escorre pelas bandas de lá. A corrupção está por todos os lados que ainda consigo ver mas nenhuma novidade, nada que realmente interesse. O suor da testa de cada dia não rastreia meus passos, pegadas não deixo forjo e faço coisas que já me agradam em partes. Escondo atrás das atrocidades que não tive tempo de cometer, grito calada.Cometo crimes, poucos consideráveis, detestáveis apenas pela falta de sentido que satisfazem pouco de mim, como um acorde. Olhares despercebidos a míngua. Agrado poucos, loucos que consomem minha lucidez, divido pensamentos desconexos, associo palavras e pessoas. Alucino ao fim da tarde, perto de não sei quem, ainda. Um acordo para meu sono.

ELE

Ainda dopada de veneno
que me dosa o humor
Veneno seu ou de qualquer outro
que não me mata,
me desce a garganta
como cachaça barata
e o gosto que gosto,
desta rejeição passiva,
desta solidão passiva,
de todos os gritos ouvidos,
dos prazeres sutis percebidos.

Talvez isso sirva
minha acomodação...

Seria cruel agora
Fazer entender um porque
desta morte
desta contradição
deste ópio
que me faz sentir entre arames farpados.

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